Friday, June 5, 2009

Antes Santos e Silvas...

Era fraco. Sempre soubera disso, apenas fingia esquecer desse "detalhe". Fingia ser forte quando podia. O problema é que, volta e meia, a fraqueza batia, latente, insistente, pendente - não por fora, mas sim por dentro. Pensamentos voavam, lágrimas caiam e seu mundo virava de cabeça para baixo, como um liquidificador de idéias com sentimentos intensificados.
E ele sabia que isso acontecia, pelo simples fato de ser fraco. Por não ter coragem de decidir, de bater o pé, de arriscar e de ser julgado. Era clichê e não queria ser, não era comum, mas queria sê-lo. Não tinha coragem de jogar os estudos para o ar e pintar quadros bem como queria, não tinha garra para estudar o suficiente para ter uma vida pacata como não queria. Não tinha coragem de desafiar a sociedade e tinha receio de fazer o que ela o impunha.
Gostava de música e de teatro, assistia novelas e lia revistas pornô. Aprendera piano e futebol.
Nunca foi bom, nem nunca foi ruim. O que é pior, estava fadado a ser mediano.

9 comments:

Nathi said...

Sabe, já me adapitei com a idéia de que não sou e nem nunca serei GÊNIO em nada.[Até estava pensando sobre isso esta semana].
Mas não me importo mais, isso são coisas que poem na cabeça das crianças quando se dá tanta importancia a estudar a vida de Gênios como Enstein, Mozard ou Pessoa. Não que não devemos estuda-los, mas não podemos nos deixar levar por sua grandiosidade e importância na história!

Cada um tem o seu brilho e sua escuridão, o encanto tá na dança de ambos!

Ps: Obrigada pelo comentário e sim, estou sozinha hoje por opção, é melhor do que não tão bem acompanhada assim!

Mauricio Zink said...

Mas, por acaso, você já parou para pensar que você não conhece realmente as pessoas para dizer que elas são fracas e medianas?? Essas tais pessoas podem lhe surpriender quando menos se espera e lhe mostrar quem elas realmente são e do que elas realmente são capazes de fazer por uma causa, ou por amor, em que acredita ser o certo e verdadeiro.

Mari Lopes said...

Muito intenso. Tava pensando nesse final de semana em escrever uma coisa meio parecida.

Mas acho que a maioria das pessoas são medianas. Eu já tentei fazer de tudo um pouco, mas acabei fazendo exatamente isso "de tudo, um pouco". Acho que não é o suficiente. Já é difícil focar em uma coisa e realmente ser bom nela. Imagina em várias... Mas acontece com as melhores pessoas.

Bjos

Anonymous said...

Fez-me lembrar do Sr. José, de "Todos os Nomes", do grande Saramago. Espero que você dê continuidade a essa estória (ou história?).

João Gilberto Saraiva said...

Grande texto Lis, parabéns.

Repito a pergunta do colega acima:

- Tem continuidade?

Lilo Oliveira said...

Adorei o texto.Tão cheio de verdades;há tantos que vivem assim, nesse dilema(que nem chega a ser um dilema, mas sim um medo)...um medo,de ser o que a sociedade quer, ou de ser muito diferente dela...o que leva a ser mediano, como vc disse.
Parabéns, adoro como usa as palavras.

Beijos

R@mon_Vitor said...

Imagino que sejamos todos medianos.
mas no fim das contas, todo mundo se destaca em alguma coisa... Nem que seja cuspir mais longe... enquanto outros tem um QI avançado.

Mas... faz parte.

GABRIEL, gustavo said...

Muito prazer, Gustavo Gabriel. O cara do texto

(¯`·._.·[««©¡§ëy»»]·._.·´¯) said...

É... admito... tenho um certo medo da mediocridade...
Deve ter meio a ver com traumas de infância.. vai saber.

Agora concordo com a Nathi, cada um tem seu brilho e escuridão..
Não é preciso ser gênio ou revolucionário para fazer a diferença, no entanto o ser-humano tem um desejo insaciável de querer ser grande, maior do que é...

O duro é se conformar com isso...