Sunday, March 21, 2010

Que lindos olhos tem você…

- Bom, vou cantar uma música, vocês ouçam e conforme forem aprendendo me acompanhem, tá bom?
"Desperta no bosque, gentil primavera
Com ela nasceu o canto…"

NOSSA! ESSA MÚSICA… DE ONDE CONHEÇO MESMO?
"Gorjeio do sábia…”
É VERDADE, A MAMÃE CANTAVA PRA GENTE
"trá lá lá lá lá lá lá lá lá"
TRÁ LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ LÁ

Em um momento simples, inesperado, até corriqueiro para um desavisado, ela sonhou acordada, em meio a lembranças, a um mergulho em si. Se emocionou, cantou, abraçou e, mais uma vez foi criança. A cantiga fez com que seu coração lembrasse sua razão o quão bom era isso.

Friday, March 5, 2010

Antes Santos e Silvas… II

Acho que vou morrer de câncer. Tenho quase certeza. Tantos parentes ele matou, a genética confere. E além do mais há essa mania maldita que mais está para vício (ou esse vício horroroso que se promoveu a mania), enfim, eu até queria abolir isso de mim, mas não tento, não há nenhum esforço para parar, nenhuma tentativa de tentar parar. Também não tenho uma alimentação rica em vitaminas e sais e minerais. Por isso, já tenho certeza: vou morrer por causa de um câncer que tomará conta do meu corpo. Não penso que não vou sofrer. Sofrerei, chorarei e a depressão há de estourar (e quem sabe isso não trará alguma nobreza para minha história medíocre, minha última esperança). Mas, não vou ficar surpresa, nem vou culpar ninguém.

Contando que até lá papai e mamãe (que já têm carência de cabelo e de memória, ambos, ambos) estarão me esperando seja lá onde for, se é que há um lugar para onde (e por onde) se esperar… Contando que casamento ou filhos não haverão (ou melhor, não haverei)… Contando que esse salário que me pagam, que custeia, nada menos (nem mais), que meu apartamento na Barra e a BMW na garagem (não me perguntem o propósito disso, que ja o faço eu mesma, tentando me convencer que estão aí para consolar, de alguma maneira, têm que consolar), não trará heranças ao primos de segundo grau…

É isso. Se eu contar com o sucesso do meu plano de vida, morrerei sem grandes lastimações. Aos primos (que estarão putos pela falta de herança) que cuidarão do meu enterro, só peço uma coisa:não esqueçam do batom e do tailler gelo. Em morte quero poder me preocupar com algo que nunca fiz em vida, e inspirar algo que nunca consegui ter. Quero morrer linda e com ares de paz.

Jeito de quem finalmente realiza o que sempre quis.