O toco do cigarro recém tragado
Descansando em um pires de xícara
Cinzas da solidão indigente
Inerentes a dose de álcool
Do uísque no copo de requeijão
O gosto forte da falta de gelo na bebida
Misturado ao aroma de tabaco por todo o corpo
Misturado à dúvida de uma existência em filosofia
A cabeça leve e pesada tentando fazer poesia
A falta de paz
Que cria pregas
Que cria regras
Que complica
O que não há por que
O que não tem que ser
Eis a questão
Rabiscada no papel de pão
Desenhada por caneta BIC
Em caixas de papelão que cheiram mofo
Que guardam lembranças
A memória em matéria
A discórdia em evidências
Heranças genéticas de uma humanidade medíocre
Que sempre quis ser mais
Mas é cada vez menos
Tanta merda e hipocrisia
Em um gosto amargo de falsa boemia
Pensamentos de solitude
A miúde de uma fragilidade maior
Que desabita o ser e se estabelece
Em um toco de cigarro recém tragado
E na dose de uísque no copo de requijão
Nas pregas, nas regras
Que são falsamente negadas
Nas que vivem saindo das caixas de papelão
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Inspiração desencadeada pela peça/ensaio que assisti hoje.
Fragmentos de "O Jardim"
Cia. Hiato
Friday, April 22, 2011
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3 comments:
Acho que as caixas de papelão mofadas têm mesmo o cheiro das memórias guardadas.
Gostei especialmente da parte:
"A memória em matéria
A discórdia em evidências
Heranças genéticas de uma humanidade medíocre
Que sempre quis ser mais
Mas é cada vez menos"
Sua experientia teve um ótimo resultado, até mais doutora.
Oi Adorei o seu blog, convido você a visitar o meu blog de textos. Obrigado!!
A certeza que fica é a de que você deveria passar mais por aqui. Um poema inteiro: do jeito que eu gosto.
;)
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