Tuesday, February 10, 2009

O natural de certas coisas


Hoje por um acaso me peguei lendo um texto de uma amiga, de mesma idade que a minha, que começava mais ou menos assim:
Pensar, Achar, Esperar – é o maior erro que cometemos.


Em um primeiro impulso, fiquei interessada no texto, mas ao notar que ele havia sido escrito há mais de dois anos atrás, não pude evitar instantâneamente a rejeição "O que nós sabíamos a dois anos atrás!?" pensei na mesma hora. Corri os olhos pelas palavras e cheguei a concluir "Traz aquela idéia clichê, de que não se pode pensar, ou esperar as coisas, temos que fazer, o quão típico!". E nisso a credibilidade com a qual comecei lendo o texto havia toda se esvaecido.


Isso me fez lembrar uma época em que eu era criança, apenas uma criança, que gostava de ler, de boa música, filmes e saber sobre as pessoas, o que estavam fazendo, do que gostavam, seus empregos e aspirações. Mas poucas foram as oportunidades que tive para decorrer tais assuntos com pessoas que se interessariam. Isso me fez lembrar de um tempo em que eu não era levada a sério. Justamente da mesma forma que não levei o texto da minha amiga à sério, pela idade sua idade ao escrevê-lo. Eu nunca fui levada a sério por ter sido uma criança. Por mais coisas interessantes e adultas que eu pensasse, nunca consegui um espaço com aqueles pelos quais me interessava conversar.
E nessa dança passei alguns anos conversando comigo mesma. As crianças da minha idade pouco me interessavam, e eu pouco interessava os mais velhos. Nisso restava eu me interessar por mim mesma, criar fantasias, sofrer angústias, viver meus livros e ir levando a minha vida de pequena adulta ou grande criança.


Inclusive hoje, uma de minhas maiores satisfações é poder ser mais notada, por qualquer idade que seja, ter com maior frequência a oportunidade de decorrer dos assuntos, estar bem comigo mesma, passar horas com pessoas da minha idade e achar assuntos diversos para os mais velhos e mais novos. Ainda tenho, porém, aquela leve curiosidade quanto a uma geração mais velha que eu. Não a de meus pais, nem a minha, aquela que separa a gente. São essas pessoas, as desconhecidas da faixa que, em plena consolidação de suas vidas, me chamam mais atenção quando saio. Me despertam a curiosidade. Algumas me dão credibilidade, outras não.


Ao ter tal pensamento sobre o texto de minha amiga, e após a nostálgica reflexão, confesso que me senti culpada e cheguei a isentar de culpa aqueles pelos quais sempre procurei espaço, em vão.
Mas o melhor de tudo é que há algum tempo isso deixou de ser problema. Creio eu.

7 comments:

Nathi said...

"ir levando a minha vida de pequena adulta ou grande criança."...Acho que comentei ( se não o faço agora!) minha tia me falou há um mês que sou muito velha...que converso com os velhos...mas sabe, sempre fui assim, me interessava mais por aqueles que nem notavam minha presença na mesa dos "adultos da família" e deste modo invissivel eu cresci sabendo muuito mais das coisas que só me afetariam mais tarde..acho que devo a esta mania de ouvir os mais velhos grande parte de minha maturidade.

A nossa diferença é que vc se encomodava em não ser notada, e essa, por outro lado, era a minha magia de estar no meio dos "sábios"!!

Carol Freitas said...

Olá Lis!

Td bem? Obrigado pela visita ao Blog e fico mto feliz que tenha gostado do que leu, adorei suas palavras :)

Respondendo a pergunta que vc deixou por lá...ainda não musiquei nada, pq meus conhecimentos musicais não permitiram ainda, mas tenho mta vontade que isso aconteça algum dia...quem sabe??

Apareça!

Bjs!

R@mon_Vitor said...

Vixe...

Eia a sina de algumas pessoas: Ser jovem com cabeça de velho... uahauhau sou nesse estilo também. uahuahauha

\o/
Mas é a vida.
Superemos o não ser levado a sério...
E sejamos bons na escrita, na música o no que mais vier...

Até mais.

R@mon_Vitor said...

P.S: Sobre o post anterior do filme, você menciona que o livro talvez seja menos brusco, não vi o filme, mas sei que pra ser mais brusco que aquele livro tem que ser muuuuuito brusco mesmo.

Muito forte mesmo.
Até mais;

Anonymous said...

Movida a música?
Hum...gostei.Porque não é sempre que encontramos pessoas que compartilham a mesma paixão que a nossa!!!!Quanto ao texto de hoje muito bom!bjs

João Gilberto Saraiva said...

Creio que os escritores comumente têm um "quê" de criança velha contraditoriamente a um olhar que sempre acha o novo dentro do comum.

Parabéns, estou lhe chamando de escritora. ^^

Um dia quiçá escrevo sobre essa tema e tenho a oportunidade de lhe citar de novo x D

Até mais moça

GABRIEL, gustavo said...

Bem, eu era um velho num meio de alguns jovens.
Mas só eu sabia que eu era velho, e eu adorava. Agora, todo mundo sabe que eu sou velho.

E eu encho o saco como uma criança.
Vai saber.

Isso é coisa de poeta.